terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Comerciantes lusos temem perder clientes com lei sobre fumo

01/01/2008 - 11h12


Porto, 01 Jan (Lusa) - Proprietários de cafés localizados em regiões periféricas de Portugal acreditam que a nova lei contra o fumo, que entra em vigor nesta terça-feira, pode provocar cenários de falências a curto prazo e problemas com clientes fumantes.

Em Ermesinde, uma cidade satélite do Porto, o gerente do Café Campelo, Delfim Campelo, afirmou à Agência Lusa que a maioria da sua clientela é contra a nova lei. "É muito complicado, porque 90% dos meus clientes são fumadores. Toda a gente está farta de reclamar. Assim, vamos ter que fechar", afirmou.

Campelo, que tem um estabelecimento com 80 metros quadrados, disse serem "compreensíveis" as restrições ao fumo em restaurantes, "mas nunca em cafés e discotecas".

Em Santa Marinha, um dos distritos mais distantes do Porto, a proprietária do Café Alfa, Ana Oliveira, disse não temer a falência do seu negócio, mas espera "grandes complicações" com clientes fumantes.

"Vamos ter que ter muita paciência", disse. Segundo a comerciante, é "impossível" contornar o problema, pois os sistemas de ventilação "são muito caros, não compensando o investimento".

"Concordo com a proibição do fumo em restaurantes, mas em cafés e discotecas é um disparate", afirmou Ana Oliveira.

Preparação

Nas cidades do litoral, a lei parece ser melhor recebida. Mesmo assim, o gerente do Majestic, o mais emblemático café do Porto, deixa disse que a lei antitabaco deveria ter sido publicada com maior antecedência, para preparar melhor os fumantes às restrições impostas a partir desta terça-feira.

"Foi pouco tempo entre a data de publicação da lei [14 de agosto] e a sua entrada em vigor", disse Fernando Barrias, que optou por não criar espaços fechados para fumantes, no Majestic e no Guarany, outro café famoso do Porto sob gestão da mesma empresa.

O gerente lamentou também "a falta de maior informação pública" sobre os malefícios do cigarro e sobre as formas de os fumantes combaterem o vício.

Barrias disse que os estabelecimentos que administra ainda não experimentaram um dia sem fumo, já que estão fechados neste primeiro dia do ano, mas não acredita que terá problemas ou prejuízos.

"Boa parte dos clientes são estrangeiros, que já estão habituados às restrições ao fumo. No caso dos nacionais, espero que sejam conscientes e que percebam que, ao fumar no interior dos estabelecimentos também estão a prejudicar a saúde dos outros clientes", afirmou.

Lei

A lei 37/2007, de 14 de agosto, estabelece a proibição de fumar nos serviços públicos e nos locais de atendimento direto ao público, nos locais de trabalho, unidades de saúde, lares de idosos e estabelecimentos de ensino.

A lei engloba ainda museus e centros culturais, salas de espetáculos, áreas fechadas das instalações esportivas, feiras e centros comerciais.

A prática também passa a ser proibida em hotéis, restaurantes, bares, cafés e discotecas, além de áreas de serviço, aeroportos e meios de transporte.

Em relação aos restaurantes, a legislação prevê que os estabelecimentos com mais de 100 metros quadrados possam criar áreas para fumantes, dentro destes requisitos, e que não excedam 30% do espaço total.

Os espaços devem cumprir requisitos como sinalização e separação física das demais instalações, dispositivos de ventilação adequados e a existência de um sistema de extração de fumo diretamente para o exterior.


http://economia.uol.com.br/ultnot/lusa/2008/01/01/ult3679u2947.jhtm

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