Imagem da campanha 'Fique esperto, começar a fumar é cair na deles', lançada pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira (27/5). As imagens foram produzidas com base em um estudo sobre o grau de aversão que alcançam e vão ilustrar embalagens de cigarro.
Maços de cigarro estamparão fotos para causar 'aversão'
Brasília - Um feto no cinzeiro, um pé com gangrena e um cadáver estão entre as dez imagens que as embalagens de cigarros deverão estampar a partir de 2009. A mudança faz parte de uma estratégia do Ministério da Saúde para reduzir o apelo das embalagens e, com isso, desestimular a iniciação de jovens ao tabagismo. Esta nova safra de fotos - a terceira de uso obrigatório pelos fabricantes de fumo - foi feita com base em uma pesquisa desenvolvida entre 2006 e 2008 pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) em parceria com as Universidades Federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e Fluminense (UFF) e Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio. "O objetivo é provocar aversão", resumiu o presidente do Inca, Luiz Santini Rodrigues da Silva.
O estudo procurou medir a reação de 212 jovens diante das fotografias e, a partir deste trabalho, escolheu as mais impactantes. A forma das advertências também deverá mudar. Além da foto e de uma frase de alerta, os maços deverão estampar palavras-chave, como horror, perigo e enfarte, em letras maiores.
O governo passou a obrigar a indústria farmacêutica a incluir frases de advertência em 1988. A partir de então, os avisos ganharam impacto e passaram a incluir fotos. A política da administração federal pretende neutralizar as diversas estratégias usadas pela indústria do tabaco para, por meio das embalagens, reforçar o tabagismo entre jovens. Trabalhos mostram que até mesmo a cor usada pelos maços é escolhida pela indústria para criar determinadas percepções. Maços vermelhos passam a idéia de sabor forte, os verdes conotam frescor e os brancos, saúde e segurança.
O novo material foi apresentado hoje pelo ministério, como parte das celebrações do Dia Mundial sem Tabaco - que será comemorado sábado. Na cerimônia, o ministério ouviu dados preliminares de uma pesquisa piloto sobre o programa de controle de tabagismo brasileiro, feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nas últimas duas semanas. Os técnicos aconselharam o País a apressar medidas para aumentar o preço do cigarro e assegurar ambientes livres de fumo. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, reconheceu a necessidade de adotar essas duas medidas.
Temporão afirmou que o projeto de lei proibindo "fumódromos" - que está há meses na Casa Civil - ainda não foi apresentado ao Congresso por questão de estratégia. Segundo ele, o Poder Executivo espera o momento oportuno para tomar tal iniciativa. Temporão também reconheceu que os preços do cigarro brasileiro precisam aumentar. Para o ministro da Saúde, no entanto, este tema avançou, principalmente entre integrantes da área econômica do Executivo. "Antes, esse assunto era quase um tabu", afirmou. "Hoje esse clima já mudou."
Campanha
A pasta apresentou ainda a campanha desenvolvida pela OMS para o Dia Mundial sem Tabaco. O tema é Juventude sem tabaco. Para a organização, o tabagismo passou a ser considerado como doença pediátrica, uma vez que a idade média para a iniciação do consumo ocorre, em média, aos 15 anos.
Lígia Formenti
* do UOL Noticias